Todo dia eu preciso me reinventar, a rotina é a prisão e eu quero escapar“, já dizia Sugar Kane, uma das influências desta resenha. Em questão de boa música, o underground está repleto, basta pesquisar e querer conhecer afundo, sendo isso algo que muitos não fazem, originando a falácia de que o “Rock Nacional Morreu“. A diferença das bandas são o que mais chamam a atenção, uma banda que tenta fazer algo diferente acaba se destacando, acaba brilhando no ‘mar que está esbordando bons peixes‘. 




Hoje vamos falar da Pinheads, “roque paulêra” de Caxias do Sul-RS, sendo mais uma banda guerreira do Rock para a coleção da boa música do Rock Gaúcho. Desde 2002, a Pinheads está no cenário esbanjando boas músicas, procurando não se rotular e prender a um único gênero e não seguindo uma linha de composição. De letras politizadas, cômicas à vivências dos amigos, Pinheads é acima de tudo uma família.

O nome do álbum, totalmente independente, é “Músicas próprias nossas, que a gente mesmo fez“, que tem dez faixas além das três bônustrack, resultando em quarenta e um minutos no total. Além do nome inusitado, o encarte apresenta uma curiosidade surreal, pois temos escrito na contracapa a seguinte frase: “Pirateie este CD”. Recebemos este álbum por intermédio do nosso grandioso Daniel Russo, da A Hora Hard, que conheceu no Bar Opinião em Porto Alegre, capital gaúcha, um dos integrantes da banda, que estava entregando o álbum de mão em mão, divulgando humildemente o seu trabalho. Obrigado Russo pelo repasse do material e parabéns Pinheads pela iniciativa. 



A banda carrega a bandeira do “rock paulêra” e defende sua maneira flexível de composição, demonstrando isso em todas as músicas, com pegadas de Punk Rock e de Rock Clássico e pitadas de Blues. Suas influências são evidentes: NOFX, Millecolin, Bad Religion, Raimundos e Comunidade Nin-Jitsu, depois para minha surpresa, confirmei quase todas no release da banda (sempre bom conferir, né?). 


Ao andamento dos segundos das músicas, é totalmente perceptível a influência do Hardcore tradicional, que mescla juntamente o Punk Rock oitentista, com um vocal explosivo e cantado com emoção e muita vontade. A Pinheads brinca com seus instrumentos a cada música, dando máximo detalhes a cada palhetada, a cada toque executado. 


A autenticidade dos músicos são impostas em vigor a cada música executada, o álbum totalmente independente tem brilho e boas composições. A música que abre o disco, “Tudo Errado” é de longe a minha favorita, com refrões fortes e riffs nervosos. Em seguida a terceira faixa, “Dilema”, é uma música arriscada para um álbum, se falando dos tempos “moralista” em que vivemos, porém é divertida e com riffs sujos, que vai do Grunge ao Punk Rock em poucos segundos de diferença. “Cinco Contra Um” lembra muito Velhas Virgens, porém tem uma pegada mesclada ao Reggae, que lembra os bons tempos de Comunidade Nin-Jitsu. E assim o álbum vai se construído até chegar a última faixa antes do três bônustrack, que é “Animal Vestido”, sendo Punk Rock do começo ao fim, com letra reta, riffs sujos e bateria cadenciada, encerrando um álbum que merecerá um remaster futuramente, quando um dia que um bom produtor voltar aos seus olhos para a nossa cena independente e ver o viemos vindo construindo nestes últimos anos. Em suma: que álbum contagiante!


Formação
Roger – guitarra e voz
Kobra – guitarra e backing vocal
Amigo – baixo
Charlinho – bateria

Tracklist
1) Tudo Errado
2) Parede suja, chão sujo
3) Dilema
4) A bela e a fera
5) Hardcore in Santa Fé
6) Posto, logo existo
7) Cinco contra um
8) Mais loco que o bozo
9) Enquanto você dormia
10) Animal vestido

Bônustrack
11) Baixinha (2005)
12) Fique sabendo (2005)
13) Coisas estranhas (2005)

SIGA PINHEADS

Obrigado A Hora Hard por mais um repasse de material.

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.