(Todas as fotos pro Makila Crowley)

Existem situações que sua alma sai do seu corpo e você quer que tal momento nunca acabe. Bom, esse era eu em frente a minha banda favorita, Scorpions. Quem um dia iria imaginar que uma banda que faz sucesso desde a metade da década dos anos 60’s, um dia pousaria para um show arrasador em Santa Catarina?

Um dos momentos que mais me emocionaram foi ao olhar para trás, um rapaz na faixa de uns vinte e cinco anos de idade que tinha falta de visão, sim, deficiente visual curtindo o show em frente ao palco e emocionado cantando todas as músicas, e ai eu tenho o direito de afirmar, a música realmente é algo que toca as pessoas, ela é sentimento em meio a melodia, métrica vocal e transmissão de mensagem, é arte que vai além de ‘enxergar’ e não preciso nem citar que isso me arrepiou e está na minha mente até o presente momento.

Chegamos na Arena Petry era 18:20 e logo corremos para o nosso portão de acesso (não fomos credenciados), os ingressos eram divididos entre: Pista comum, Pista Premium, Camarote Coletivo e Terraço, valores que iniciavam com R$120,00 (meia entrada, pista comum). Muito bem sinalizado, não foi difícil encontrar os nossos portões, até mesmo que a moça com a placa “Posso ajudar?” aparentemente não sabia nem quem era Scorpions, mas enfim.  

Entramos perto das 20:00 e agora era aguardar a primeira apresentação as 21:00 com Helloween, confesso que não estava empolgado, não era uma banda que me chamava a atenção. Mas pasmem, o Helloween fez uma apresentação digna de ganhar novos fãs nessa noite e com muita energia em palco, fez o público pular, cantar, gritar e participar do show, sendo que o destaque é para os vocalistas Michael Kiske e Andi Deris que juntos transformaram o palco em uma arena divertida em diversas ocasiões com trocas nos vocais e claro, com certas ocasiões com os excelentes vocais do Kai Hansen. 

Claro que não poderia deixar de citar o grandíssimo baixista Markus Grosskopf e o guitarrista fundador Michael Weikath, pelo simples fato de nunca terem abandonado o Helloween e continuado desde os primórdios da banda e o mais curioso que me deixou com a pulga na orelha, no canto, muito elétrico (talvez por eu não conhecer muito a banda), existia um guitarrista mais novo (de idade) e entusiasmado com o show, Sascha Gerstner, que ao pesquisar mais a fundo, é só a genética que é boa, pois o guitarrista tem 42 anos de idade. Na verdade Sascha é produtor e fotografo, esta no posto de guitarrista do Helloween desde 2002.  A sua presença de palco é contagiante, o cara brinca de tocar e tira riffs pesados e rápidos, como o Helloween exige, é verdade, mas existe amor no que ele faz e isso fica nitido no brilho no olhar deste grande músico.


Como se só a atração musical espetacular apresentada pelo Helloween não fosse suficiente, eis que em determinada parte show, vários balões gigantes são arremessados em meio ao público na cor preta e laranja, com a logo da banda o famoso “Pumpkin” criado pelo ex-baterista Ingo Schwichtenberg. Preciso comentar o que aconteceu? O público que estava pouco a pouco ficando morno, ativou o modo erupção e a Arena Petry quase foi ao chão, QUE ESPETÁCULO DE SHOW MEUS AMIGOS, QUERO MAIS!

Setlist do Helloween
01) I’m Alive / 02) Dr. Stein / 03) Eagle Fly Free / 04) Perfect Gentleman / 05) Ride the Sky / 06) A Tale That Wasn’t Right / 07) Power / 08) How Many Tears / 09) Future World / 10) I Want Out

Eis que a hora mais aguarda por mim durante anos estava chegando. Finalmente ficaria ‘cara a cara’ com a banda que mais ouvi minha vida inteira, nunca imaginava que aquela banda alemã que eu ouvia desde moleque tocaria no meu estado, ou ainda, perto da minha cidade, tudo parecia um conto de fadas, tudo fora da realidade. Só o Helloween saiu do palco, os técnicos de som começaram a trabalhar e logo um pano da “Crazy World Tour” cobriu todo o palco e olha, não era um palco pequeno não. Algumas músicas vão, outras vem no som eletrônico e até que as luzes se apagam e eu nesse momento tive um mini infarto e quando Klaus entrou no palco, meu coração acelerou e as lágrimas foram inevitáveis. 

A verdade é que o Scorpions ganhou uma pegada mais forte com a entrada do baterista Mikkey Dee (ex-Motorhead e entre outras) e hoje a banda é formada por: o sueco Mikkey Dee na bateria, o polonês Pawel Maciwoda e o trio alemão Matthias Jabs e Rufold Schenker na guitarra e Klaus Meine nos vocais. Muito se fala na imprensa que o Rudolf é o coração do Scorpions e é notório no show que o cara toca de uma maneira como se colocasse o coração na ponta dos dedos. Klaus Meine e Rufold Schenker estão no Scorpions desde 1965, participaram do primeiro disco gravado “Lonesome Crow” de 1972 e mesmo com a idade acima de setenta anos, parecem meninos no palco.


O carisma é muito grande, baquetas são arremessadas por Klaus já no começo do show e a passarela no meio da multidão é o ponto mais buscado pelos instrumentistas e pelo vocalista e quando “Delicate Dance” como instrumental é tocada, mal termina e a equipe de som monta os violões e um tajon ao centro, meu coração nesse momento para eis que começa a intro de “Send Me An Angel” que fez parte do grande disco “Acoustica”.

Uma atmosfera tomava conta do ambiente, já cantada pelo público até que Klaus inicia os assovios de “Wind of Change” e ai foi partir para o abraço, quando minha alma saiu do corpo e voltou a muitos anos atrás em um mercado com meu pai, onde ouvi essa música pela primeira vez numa fita que tocava naquele velho carro.

Verdade que o Scorpions iniciou seu repertório com músicas que não tocavam a um bom tempo, mas souberam controlar ansiedade do público com palavras, aproximando o contato entre artista x fã. Aos poucos iam riscando o fósforo até acender a fogueira, o final do setlist foi definitivamente matador, mas a bomba foi ativada aos poucos e perto do fim do setlist, me batia uma angústia de não querer que esse tempo acabasse. 


A única parte chata é ser ofuscado de assistir o show, com muito público nutella que não se contém e tem que gravar e tirar foto do show inteiro, deixam de lado de curtir o verdadeiro show, para ganhar alguns segundos de fama em suas redes sociais postando as fotos ou os vídeos, perdem aquela uma hora e meia de puro Rock ‘n Roll no seu estado mais puro e deslumbrante para ‘ostentar’. 


Felizmente não tirei o celular do bolso nenhuma vez e isso me fez ter o prazer de curtir ainda mais uma noite inesquecível. A qualidade sonora do Scorpions, vem também pela produção. Os telões tiveram bandeiras do Brasil, silhuetas dos músicos tocando e muitas falas de Klaus Meine deixando claro o quanto estava feliz por estar no Brasil mais uma vez.


‘Arena Petry’ entrou para o radar de grandes shows em área nacional. Acredito, que esse evento do “Rock Ao Vivo”, é apenas o primeiro passo para realizar grandes shows de bandas do Metal/Rock mundialmente famosas. O espaço amplo, banheiros limpos, muitos atendentes nos bares e uma vasta opção de alimentos e bebidas com preços até que acessíveis.

Tive uma das melhores noites da minha vida, e devo isso graças a Arena Petry.





Setlist Scorpions
01) Going Out With a Bang / 02) Make It Real / 03) The Zoo / 04) Coast to Coast / 05) Top of the Bill/Steamrock Fever/Speedy’s Coming/Catch Your Train / 06) We Built This House / 07) Delicate Dance / 08) Send Me An Angel / 09) Wind of Change / 10) Tease Me Please Me / 11) Blackout / 12) Big City Nights / 13) Still Loving You / 14) Rock You Like a Hurricane 

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.