Lar do belíssimo Tango e do astro Maradona, a Argentina também é terreno frutífero para, digamos, expressões um pouco menos “requintadas” e delicadas, mas igualmente atrativas. E entre elas, está a excelente arte de produzir Rock e Metal entorpecido de qualidade.
Com um quase sem número de ótimas bandas de Stoner Rock e Doom Metal, ainda que um bom número delas acabe resvalando por pouco no original e caindo no “medíocre”, assim várias conseguem firmar-se como admiráveis exemplares das vertentes. E a esses pontos positivos pode-se somar com seu novo álbum Nadie Está a Salvo del Mal a banda FULANNO, trio que com material masterizado pelo grande mestre argentino do Stoner Rock Sergio CH (Los Natas), embrenha-se no cenário quase na reta final do ano com um trabalho que, lançado em momento mais inicial desse fatídico ano, talvez pudesse obter ainda mais reconhecimento e difusão, figurando em listagens, destaques e por aí vai.
Fila Frutos (guitarra/voz), Mauro Carosela (baixo) e Jose A (bateria) trazem aqui um som embasado por elementos, claro e antes de tudo, essencialmente Sabbathicos, também criando um elo com outros nomes conterrâneos do gênero a exemplo de Mephistopheles. Ainda assim, apresentam o suficiente para demarcarem seu território e puxarem o holofote para eles, inserindo seu nome em meio ao profuso e preenchido cenário do som psicodélico pesado e desacelerado. Essencialmente, Nadie Está a Salvo Del Mal é um álbum condensado em sua veneração ao som “retrô” ríspido e denso, uma ode ao Doom Metal com toques Stoner de vocais limpos, bastante cadenciado e riffs transbordando fuzz. Ainda que uma faixa não crie uma grande diferença em relação a outra e nenhuma delas destoe de um padrão uniforme estabelecido ao longo da duração de mais de 40 minutos, alguns pontos parecem emergir com sobriedade, como Hombre Muerto e El Desierto de los Caidos. Tímidas em suas diferenciações, mas ainda assim me soando como um leve acento no trabalho, que pesa sua força nessa cadência sepulcral e lisergicamente soturna, como uma emanação post-mortem ao melhor estilo Electric Wizard (ainda que, lógico, com menos peso e densidade).
Fulanno e seu álbum não criam um “save point” de grande exuberância, como o topo de uma subida na montanha russa, mas estabelecem com sobriedade uma obra fiel ao que se propõe a ser desde o começo, sem também cair no marasmo. Em suma, um material bastante recomendado aos mais adeptos do estilo e que buscam diversão, qualidade e distorção, e nada muito alem disso. No saldo final de Nadie Está a Salvo Del Mal, mais um bom trabalho de gênero proveniente dos “hermanos” está jogado ao mundo, e cabe a cada um que se interessar realizar a audição do álbum e definir o que de melhor consegue tirar dele. Em meu caso, foram quarenta minutos de audição descompromissada, satisfação e a sensação de “dever cumprido” ao ver que a Argentina continua acertando a mão no Rock Pesado.
TRACKLIST
01) Fuego en la cruz
02) Los elegidos
03) Hombre Muerto
04) Los colmillos de Satan
05) Senões de la necropolis
06) El desierto de los caidos
07) El libro de los muertos
FORMAÇÃO
Fila Frutos – vocal/guitarra
Mauro Carolesa – baixo
Jose A – bateria