Banda do interior de São Paulo, São João da Boa Vista, segundo play dos caras, promessa de um trabalho bem elaborado e interessante.

O disco é conceitual e a ideia é carregar o ouvinte pelos círculos do inferno de Dante.

As fotos da banda me levaram para um mundo entre a ilha de Lost, um Hospício e algum jogo de Survival Horror, achei sensacional essa mistura. Nas duas fotos de banda que eu recebi, uma delas é meio ala de hospício, mas poderia muito bem ser uma prisão espacial ou algo do gênero, e a outra foto tem uma pegada meio templo perdido, foram ótimas escolhas. 

Nenhuma descrição de foto disponível.Já a arte de capa é bem interessante e tem essa pegada jogo supracitada, rola um portal na floresta, obviamente para o inferno, com gárgulas nas laterais e um crânio acima. A sensação é mesmo de um menu de entrada de um game que será bem legal de jogar!

Bora ouvir que não é só de imagem que vive uma banda!

Play na faixa 1, Between the Knowledge and the Valley of the Forgotten, início imersivo com bastante efeitos sonoros, até a frase clássica do livro de Dante, “Abandonai toda esperança aquele que entra aqui”. Entramos numa intro leve e aí sim entra o esperado peso. Temos um riff agressivo e uma bateria bem colocada. A voz tem a pegada que eu curto, agressividade com técnica, tudo está bem limpo na parte da produção. O som desenvolve bem e eu assustei um bocado com o solo, mas tecerei comentários com o desenrolar do disco.

2- Condemnation – Já gostei que o som começa na desgraceira, sem preâmbulos! A bateria está super limpa, a voz também, achei o baixo um pouco escondido na mix em diversos momentos e as guitarras estão um pouco sujas, mas parece que tudo encaixa bem no bolo geral. A música é bem interessante e a temática está me ajudando a ter a imersão desejada. Curti muito o break e a mudança de clima no final da faixa.

Seguimos com Halls of Cerberus, curti a temática, Cérbero seria aquele cachorro de três cabeças que guarda os portões do inferno, interessante ser a faixa 3, tudo pensadinho. Gosto! O som tem uma agressividade boa, continuo sentindo as guitarras com algo aquém do que eu esperava, mas em suma estou feliz com o disco.

Faixa 4 – Convicted by Gold – Eu curti demais a cadência desse riff, até agora minha faixa favorita do play. Blasting beat, brutalidade, é disso que o povo gosta! Estou gostando das estruturas das músicas, deu a impressão que a banda se preocupou em sair da estrutura óbvia e quis trazer surpresas a cada momento.

Vamos para Sink, quinta faixa – Riff mais groovado, peso bem convidativo. A pegada deste som é bem interessante, levemente diferente das outras do disco. O solo me pegou de surpresa novamente, estou começando a entender melhor o que me pegou na guitarra solo, talvez eu esperasse um pouco mais de melodia e recebi um solo mais Slayer ou algo que o valha.

6- Beyond the Eyes of the Herectics – começa mais cadenciada mas logo na sequência o BPM acelera para próximo das outras faixas. Neste ponto do disco realmente os graves me fazem falta, porém, o peso do álbum está presente e não sofreu prejuízo algum com essa ausência que citei, só senti que daria pra ter mais graves, não deixei de apreciar o trabalho por causa disso.

Estamos nos aproximando dos últimos círculos do inferno de Dante, faixa 7, Whispers of Repentance. A faixa começa com sussurros, claro, a voz levemente mais limpa quase falada. Agora temos de fato um som mais lento mas não menos agressivo. Mais para o meio temos um baixo mais presente junto com uma levada em Ride que eu acho sensacional. Curti muito as transições de etapa que a música propõe e não posso deixar de elogiar a voz que conduz perfeitamente os momentos da trama contada. No final temos uma reexposição da guitarra clean da entrada, bem legal.

Penúltimo som, The Laws of Malebolgia – A faixa leva o nome do círculo do inferno, que obviamente é o oitavo. O legal da nomenclatura é que o antagonista de Spawn leva o mesmo nome e essa lembrança me é muito agradável! De acordo com Dante, o oitavo círculo é dividido em dez bolgias, cada qual com uma tortura mais penosa! A música tem variações muito boas e, apesar de até agora eu ter estranhado bastante as guitarras, o riff principal está com uma limpeza de execução bem interessante.

Última e mais longa faixa do disco, In Absentia. Começamos com clean, mas logo entramos com peso e velocidade. A partir do minuto 1 já temos blasting beat e peso rasgando as orelhas! Com vocais variando entre os agudos que estamos acostumados ao longo do disco com graves mais profundos buscando uma nova textura até então não explorada. Destaque para o último quarto de música que entra um teclado em coro bem interessante e para finalizar, a reexposição do tema de clean com 20 segundos de silêncio para matar o disco.

Em suma, a experiência é sensacional e o disco já está na minha playlist pessoal.

Detalhes de produção merecem ser mencionados especialmente quanto às guitarras, senti alguns chiados que provavelmente só apareceram por conta da limpeza dos outros elementos e os baixos, que em alguns momentos especialmente nas primeiras faixas ficou tímido demais.

Destaque para as estruturas das músicas que fugiram do óbvio e constante e ficaram muito interessantes.

Tracklist:

1- Between the Knowledge and the Valley of the Forgotten
2- Condemnation
3- Halls of Cerberus
4- Convicted by Gold
5- Sink
6- Beyond the Eyes of the Herectics
7- Whispers of Repentance
8- The Laws of Malebolgia
9- In Absentia

Formação:
Guilherme Melo – Baixo
Leonardo Michellazo Amorim – Bateria
Andre Guimarães Vieira – Guitarra
Guilherme Mendes – Guitarra
Renan Bezan – Voz




Tecladista desde cedo, produtor musical, atua exclusivamente na área musical com bandas, aulas e estúdio.