Antes de mais nada, o que você entende por Whoosh? Caso pesquise no Google encontrará um significado em inglês, basicamente dizendo que é um som suave feito por algo se movendo rapidamente no ar ou como aquele feito quando o ar é empurrado para fora de algo: Por exemplo: O trem passou pela estação com um whoosh! Para entender um pouco sobre o disco atual, precisamos falar um pouco sobre o Deep Purple

Originalmente formado em 1968, tendo dado uma pausa nas atividades em 1976, retornando apenas em 1984. Nesse meio tempo, David Covardale (vocais) fundou o poderoso Whitesnake, uma das maiores junto do Deep Purple quando o assunto é Hard Rock. 

O interessante do Deep Purple que ele é conhecido por nove fases da banda. São elas: 

Fase 1 (1968-1969) com Rod Evans nos vocais, Ricthie Blackmore nas guitarras, Jon Lord nos teclados, Nick Simper no baixo e Ian Paice na bateria. 

Fase 2 (1969-1973) com Ian Gillan nos vocais, Ritchie Blackmore nas guitarras, Jon Lord no teclado, Roger Glover no baixo e Ian Paice na bateria.
 

Fase 3 (1973-1975) com David Covardale nos vocais, Ritchie Blackmore nas guitarras, Jon Lord no teclado, Glen Hughes no baixo e vocais e Ian Paice na bateria. 

Fase 4 (1975-1976) com David Covardale nos vocais, Tommy Bolin nas guitarras, Jon Lord nos teclados, Glen Hughes no baixo e vocais e Ian Paice na bateria.

Híato em 1976 até 1984. 

Fase 5 (1984-1989) retornando do híato com Ian Gillan nos vocais, Ritchie Blackmore na guitarra, Jon Lord nos teclados, Roger Glover no baixo e Ian Paice na bateria. 

Fase 6 (1989-1991) com Joe Lynn Turner nos vocais, Ritchie Blackmore nas guitarras, Jon Lord nos teclados, Roger Glover no baixo, Ian Paice na bateria. 

Fase 7 (1992-1994) com Ian Gillan nos vocais, Ritchie Blackmore nas guitarras, Jon Lord nos teclados, Roger Glover no baixo e Ian Paice na bateria. 

Por alguns meses em 1994  a banda teve Joe Satriani substituindo Ritchie Blackmore nas guitarras. O que posteriormente daria o lugar para o então guitarrista atual Steve Morse. 

Fase 8 (1994-2002) Ian Gillan nos vocais, Steve Morse nas guitarras, Jon Lord nos teclados, Roger Glover no baixo e Ian Paice na bateria. 

Fase 9 (2002 até os dias atuais) com Ian Gillan nos vocais, Steve Morse nas guitarras, Don Airey nos teclados, Roger Glover no baixo e Ian Paice na bateria. 

O importante de ver e analisar fase por fase, é entender o quão crucial os músicos Ian Paice (bateria) e Jon Lord (teclado) foram importantes na história do Purple, estando presente desde sempre e durante 8 fases, respectivamente. Mas o que mais o novo tecladista Don Airey poderia fazer que Jon Lord não fez? E Steve Morse e sua responsabilidade de substituir Ritchie Blackmore? Quais motivos levaram o Joe Satriani não ter seguido no cargo em 1994? 

Sobre o Ritchie Blackmore (fundador do Rainbow durante o hiato do Purple), ficou incontrolável sua relação com Ian Gillian e por isso optou pela saída durante uma turnê no Japão, onde Joe Satriani se ofereceu para concluí-la mas não ficou depois, por conta do seu projeto solo estar em uma fase fascinante. Steve Morse chamou a atenção da banda, tendo sido membro do supergrupo Kansas em outrora, assumiu o cargo e nunca mais largou.  



Eu compararia o Deep Purple com esse novo disco a um bom vinho. Aquele que quanto mais envelhece, quando abre e faz aquele plooft do vinho e sai aquele aroma e você degusta com total prazer. Essa foi a minha sensação ao ouvir Whoosh pela primeira vez. Confesso, não consegui escrever essa resenha sem antes ter ouvido no mínimo mais quatro a cinco vezes o disco.  
As linhas de teclado de Don Airey comprovam que o que Jon Lord poderia ter feito ao Deep Purple foi feito e aqui temos um trabalho de maestria sob teclas pelo não tecladista, e sim maestro Don Airey. As linhas compostas nesse disco, abordam a simplicidade em harmonia, casando com as músicas como lentamente o teclado complementasse cada lacuna deixada pelos outros instrumentos, encerro esse parágrafo dizendo que Don Airey é um gênio. 
Ao falar de grandes nomes que passaram por Deep Purple, talvez o mais exigido seja o guitarrista Steve Morse. Digo que ouvi outros trabalhos que o mesmo fez com a banda e nada me chamou tanto atenção como agora. Riffs grudentos e sedentos pelo mais Hard Rock no seu puro estágio. Solos de guitarra que lhe faz fechar os olhos e fingir estar tocando uma guitarra imaginária e se você não estiver com uma boa cerveja gelada o acompanhando, bate um arrependimento de imediato. É o ápice de Steve Morse.  

E que todas as críticas já recebidas por Ian Gillan, principalmente quando não emplacou como vocalista do Black Sabbath, voltou ao grupo em 1992 para mais nunca sair tenham ficado agora definitivamente no passado. As métricas vocais arrastadas e cantadas pela mais pura calma e harmonia com os acordes, tiveram o diferencial em Whoosh, principalmente no single Throw My Bones, que mal sabíamos mas já era um spoiler de como funcionaria todo o disco.  

Ian Paice para mim é o grande nome do Deep Purple, principalmente por nunca ter saído ou desistido do grupo mesmo em tempos controversos. Muito groove ainda percorre as veias compositoras de Paice, principalmente com viradas magistrais e sempre complementando pequenos buracos deixados entre as músicas com ousadia e genialidade. O feeling ainda supera a técnica, para quem ama o instrumento de percussão, sabe do que estou falando.  

As letras de Whoosh abordam problemas da civilização e a letra da música Man Alive já acidentalmente previa talvez como seria 2020: 

“Depois de alguns milhares de anos 
Menos do que o menor dos respiros 
Os caras mais sábios da evolução da humanidade 
Se extinguiram 
Mãe natureza adora um vácuo 
E assim, a terra foi purificada 
Em pouco tempo” 

Por esses e outros motivos que a música é fascinante e mais uma vez o Deep Purple fortaleza ainda mais suas raízes do Hard Rock como um dos maiores nomes da história do gênero. Que fique o exemplo de que a majestade pode ser motivos de dúvida de pequenos mortais, mas quem tem coroa, só precisa lustra-la para fazê-la brilhar novamente. 

TRACKLIST 

01) Throw My Bones 
02) Drop The Weapon 
03) We’re All The Same In The Dark 
04) Nothing At All
05) No Need To Shout 
06) Step By Step 
07) What The What 
08) The Long Way Round 
09) The Power Of The Moon 
10) Remission Possible 
11) Man Alive 
12) And The Address 
13) Dancing In My Sleep


FORMAÇÃO 

Ian Gillan – vocais 
Don Airey – teclado 
Steve Morse – guitarra 
Roger Glover – baixo 
Ian Paice – bateria 

Gremista, catarinense, gamer, cervejeiro e admirador incessante do Rock/Metal. Tem como filosofia de vida, que o menos é mais. Visando sempre a qualidade invés da quantidade. Criou o site 'O SubSolo" em 2015 sem meras pretensões se tornando um grande incentivador da cena. Prestes a surtar com a crise da meia idade, tem a atelofobia como seu maior inimigo e faz com que escrever e respirar o Rock/Metal seja sua válvula de escape.