Notas sobre o dia 2

O sol já raiou no Clube de Campo. Bora acordar, headbangers, pois começou o segundo dia de metal no Storm of the Century.

Recando Maldito

A grande surpresa do evento foi da banda local, Recanto Maldito, com toda a certeza. Escalados com a difícil missão de acordar o acampamento, a banda é natural da cidade do evento e conseguiu executar um bom show. Mesmo que ainda senti uma falta de um pouco mais de intensidade no repertório, mas de fato todo o set é executado com muita qualidade e a banda se demonstrou animada em palco.

Alguns covers foram ofuscados pelas performances autorais. O destaque do grupo fica para Gabriel Castro, o baterista tem uma pegada forte e dinâmica, canta todas as músicas enquanto toca e traz muito feeling em palco, uma verdadeira demonstração de um músico realizado em palco.

A banda apesar de nova traz sinais de que leva o trabalho muito a sério, um bandeirão lindo estendido atrás do palco falta para muitas bandas e é um destaque chamativo, principalmente por sua logo enraizada, que remete muito ao Metal, mas no fim executam um verdadeiro Rock com vocal grave, bons acordes e baixo marcante.

Não poderia deixar de mencionar a versão de Garçom do Reginaldo Rossi no melhor jeito possível, é sobre isso que o Rock se sobressai de outros estilos, a versatilidade e a criatividade acima de tudo. Ansioso por ver mais da banda!

Por: Maykon Kjellin

 

Violent Crisis

Foto por Metal com Batata

Com influências do thrash metal tradicional, sua setlist foi baseada em covers de Metallica, Slayer, Pantera e Sepultura. Mas o sangue no olho veio mesmo quando tocaram as suas próprias, onde era possível ver a satisfação dos membros, cuja diferença de energia é notável ao executar um trabalho autoral.

Devido à recente mudança na formação, apenas duas canções do seu EP que está na reta final para as gravações foram executadas, sendo elas: In Malan Partem e Brutal Revenge, às quais mostram que a temática a banda se propõe a tocar: No melhor estilo do thrash metal clássico, abordando temas psicológicos que permeiam e corroem a sociedade.

O horário cedo não foi empecilho para que os headbangers se aproximassem do palco, e aqueles que ainda repousavam no conforto de suas barracas foram convocados a emergir do acampamento para apreciar o som rápido e agressivo da banda que, destaque-se novamente, embora tenha apresentado uma setlist bastante baseada em covers, possui um grande potencial com as músicas próprias, e podemos ter certeza que teremos muito material bom vindo por aí.

Por: Sidney Oss Emer

 

Atrocitus

Foto por Metal com Batata

Um Power Trio com uma proposta absurda e que se completam em palco. Atrocitus traz em sua formação o baterista André Florão (também da Humanal) e a dupla mais incrível que vi neste festival, Huan no baixo e vocal e Pettrus na guitarra e vocal, ambos dividem palco também em um tributo de Slipknot, sendo o Pettrus um multi-instrumentista sendo baterista de algumas outras bandas.

Apesar de ainda estar cansado da intensidade de sábado, Atrocitus me chamou atenção pela sua energia em palco. Um som robusto e visceral com muito peso e muito breaking down, que inclusive foi o que mais me chamou atenção e me fez ainda mais ser fã dos caras. Huan que é em sua maioria o vocalista principal, parece de longe um rapaz franzino que acaba quando o mesmo aciona o microfone e se torna um mutante cantando, incrível de onde vem tanto peso nos vocais.

Os acordes bem dilacerados casam com o groove de corda solta do baixo que tem um timbre fora do comum. O feeling do agora power trio demonstra uma gigante afinidade, dentro e fora do palco. Escancara a diversão da banda enquanto toca e quando se consegue executar shows de forma leve e espontânea, não tem nenhum outro resultado a não ser um show fantástico.

Por: Maykon Kjellin

Magnólia

Foto por Metal com Batata

Uma banda que é relativamente nova, porém com músicos experientes, oriundos de outros projetos, traz uma proposta que pouco se vê pelos palcos por aí.
Enquanto surgem muitos cover ou tributos de bandas que estamos acostumados a ver aos montes, Magnólia nos entrega Nightwish, cujo nível de complexidade das canções vai além do básico, e que é tranquilamente atendido pelos músicos blumenauenses que demonstraram muita técnica no palco.

A setlist foi baseada nas três fases da banda, sendo executadas canções da fase Tarja Turunen, Anette Olzon e Floor Jansen. Destaque para clássicos como Nemo, Ever Dream, The Phantom of Opera e Wish I Had an Angel.

Formada por Joana Guimarães nos vocais, Bill Schepers no baixo, Leandro Eidt na guitarra e William Schepers na bateria, sentimos a falta de teclados físicos, porém backing tracks presentes foram executados de maneira bem sincronizada, mantendo características importantes e marcantes das canções.

Em suas redes sociais, Magnólia tem mostrado que estão trabalhando em canções autorais. Resta agora, saber se continuarão performando Nightwish de forma mista, ou teremos uma nova banda focada em autorais nesta linha. Vamos aguardar sua aparição nos próximos festivais para descobrir.

Por: Sidney Oss Emer

 

Goaten

Foto por Metal com Batata

Eu não via a hora de ver a Goaten nos palcos e como baterista, ver o Rafael Drinkwine em ação. A banda vem executando um verdadeiro Heavy Metal, com direito aos seus últimos trabalhos terem sido reconhecidos por diversos veículos importantes do meio os destacando como melhores lançamentos do ano.

A versatilidade entre o baixista Francis Lima e a maestria do Daniel Limas na guitarra, mostram como uma banda deve ter um entrosamento entre cordas para tudo soar no melhor nível possível, apesar de terem sofrido um pouco com o calor do dia.

Suas músicas embalam quem assiste e impossível ficar parado, faixas que trazem elementos do Hard, Rock e algumas poucas vezes senti um pézinho no Prog, mostram que a banda está pronta para alçar ainda mais voos.

Seu último trabalho é o excelente Midnight Conjuring lançado em 2023. Um disco dinâmico com uma atmosfera e influências oitentistas e assim também é o show da banda. A intensidade na execução de cada faixa e o suor literalmente derramado música após música, mostra a sinergia da banda e sua entrega nas apresentações. Com um set bem construído e poucas pausas, a banda trouxe um gostinho de quero mais e particularmente agradeço toda a humildade e gentileza como conversaram com nossa equipe. Uma banda que respeita e valoriza nossas mídias independentes.

Por: Maykon Kjellin

 

Alkanza

Foto por Metal com Batata

Sou suspeito em falar sobre a Alkanza, visto que literalmente vi a banda nascer, crescer e ser esse turbilhão que é hoje em dia. Alkanza iniciou seu trabalho cantando em Inglês e na suas primeiras composições em Português acharam o seu verdadeiro lugar. Como o próprio vocalista e baixista Thiago Bonazza diz, ‘se vamos ter uma banda para falar do Brasil, precisamos cantar em Português’, e na minha humilde opinião acertaram em cheio.

Alkanza é uma banda bem quista na região sul do Brasil, já tem suas músicas clássicas que embalam o pessoal a cantar junto, como a minha favorita Em Coma que para mim é um hino da banda. A formação atual conta com Thiago Bonazza nos vocais e no baixo, Rhamon Scheper que retorna a bateria e na guitarra Pedro e o novato Lucas Caliban na guitarra e desta vez tem tudo para engrenar de vez pois dá gosto de ver uma banda completa em sintonia, seja no palco ou no backstage.

Mesmo numa finaleira de domingo e com o povo disperso meio que se despedindo, foi a banda que conseguiu reunir o maior público a frente do palco no dia e embalou um bate cabeça com direito a um fã ajoelhado dando soco no solo no ritmo da música. Alkanza agora parte para terras gaúchas para gravar o próximo disco e acredito que será um passo importante na carreira da banda. Uma apresentação brutal, até o último mosh!

Por: Maykon Kjellin

 

Alta Voltagem

Como não é novidade, a produção mantém o ditado de que time que está ganhando não se mexe e encerra o evento mais uma vez com Rock clássico. Não por acaso, mais uma vez a Alta Voltagem retorna ao clube de campo para executar o seu repertório já conhecido, mas dessa vez com um conterrâneo de Laguna, sendo o baterista atual da banda o excelente Leandro Silveira, conhecido pelo seu trabalho com a Mary’s Secret Box e entre outros na região. Alta Voltagem executa muito mais do que covers e sim tributos idênticos e caracterizados, iniciando o show com clássico do Guns ‘n Roses e como já estava exausto após dois dias intensos e sem perder nenhuma apresentação assisti até a metade do repertório do Metallica. Banda pontual, profissional e executa com maestria o que se propõem fazer. Muito bom ver o Leandro nos palcos.

Por: Maykon Kjellin

ANÁLISE TÉCNICA

Estrutura: Como mencionamos na parte 1 foi uma grande sacada trazer o melhor dos dois mundos para o evento, ao garantir proteção para os itens por utilizar o espaço interno do local para abrigar os serviços de bar, cozinha e merchan, e ao mesmo tempo proporcionar a experiência open air, pois, além de maior espaço para abrigar o público, também ficou melhor para o pessoal do camping apreciar o som sem abrir mão do conforto de suas barracas.

Som e Luz: A equipe esteve o tempo todo solícita com os músicos, e apesar dos contratempos mencionados na parte 1 desta cobertura, após os ajustes, tudo correu com boa qualidade tanto para o público quanto para as bandas que tiveram uma boa experiência com o evento.

Horários: Os horários das bandas foram cumpridos à risca, havendo inclusive um relógio no palco para que as bandas pudessem se organizar em tempo real, sem a necessidade de alguém batendo com os dedos na parte superior do pulso, como acontece em muitos lugares, o que demonstra compromisso e respeito com o público e as bandas.

Cast: Como sempre, a qualidade das bandas trazidas para o fest não deixou a desejar. Mesmo que alguns já sejam velhos conhecidos do universo Agosto Negro Produções/Storm of the Century, a reincidência destas presenças só reforça o apoio do evento às bandas que apresentam um som de qualidade. E ao mesmo tempo, as bandas que se apresentaram pela primeira vez, deixaram sua marca, e muito provavelmente as veremos novamente nos palcos dos festivais por aí afora.

Bar/Cozinha: Para os apreciadores de uma boa cerveja artesanal, como este que vos escreve, tivemos opções de chopp pilsen e IPA fornecidos pela Bender Cervejaria que esteve presente com a estilosa “beerlina”. Lá dentro no bar/cozinha, tivemos opções de lanches como salgados, mini pizzas e até prato feito (incluindo opções veganas). Na parte de bebidas, tivemos cerveja, destilados, refrigerante, energético e água. Tudo a um preço justo.

E assim, após um fim de semana que apesar da ameaça de chuva, permaneceu um clima agradável, se encerra mais uma edição do fest que já está no calendário dos headbangers que puderam rever e fazer novos amigos, conhecer novas bandas e apreciar as já conhecidas, apoiar o underground com a compra de merchan e dar aquela relaxada em um local extremamente propício para se desconectar da correria do dia a dia. Ficamos agora na expectativa da próxima edição.

E se você não viu a primeira parte da cobertura, clique aqui, onde falamos sobre o que aconteceu no primeiro dia do fest.

Até a próxima!

Especialista em cybersegurança, acordeonista e tecladista. Entusiasta de fotografia, já foi fotógrafo e redator nos projetos Virus Rock e Opus Creat. Não limitado a um subgênero do metal, tem como preferências: folk metal, doom/sinfônico, death metal, black metal, heavy metal. Gaúcho de coração, valoriza a cultura tradicionalista gaudéria, a qual inspira suas composições nas bandas em que toca. Interesses globais: Música, ciência, tecnologia, história e pão de alho.