Comportamento – Bandas antes da internet


A coluna “De músico pra músico” dessa vez irá abordar um tema que diversos integrantes de bandas que estão lutando por visibilidade hoje em dia não viveram:


Falaremos de como era o trabalho de divulgação e captura de fãs antes dessa ferramenta maravilhosa chamada internet.


O que isso tem a ver com comportamento? Tudo! A forma de lidar com a divulgação diz muito sobre o integrante. Hoje em dia é tudo na base do “fulano faz, to aqui esperando”


Pois é, não sou um avô ainda, mas posso dizer que vivenciei muito do que será citado nesta edição.






Vamos tentar aprender com os seres pré-internéticos (ou não)


Montaremos um tipo de antes e depois com o que fazíamos antigamente e como é hoje


Primeiro ponto – Integrantes


– Como fazer antes de sites de relacionamento?
Ontem
As bandas eram em grande maioria formada por amigos (de escola, trabalho, etc), vizinhos, parentes ou indicações dadas por amigos próximos
Hoje
Pode até começar entre amigos, mas as redes sociais ajudam a divulgar a proposta das bandas e assim trazer novos amigos


Parece que hoje em dia com o alcance social mais abrangente o ponto seja bom, interessante e frutífero. 


– Integrante está dando problema….
Ontem
Muitas bandas mantinham uma guerra interna ao longo de turnês, gravações e etc para não desfazer o grupo
Hoje
Muito mais fácil de trocar um integrante


Sem sombra de dúvidas atualmente isso é mais fácil


Segundo ponto – Identidade
Ontem
Ousadia e atitude resumem o texto, as bandas criavam sem saber o que estava sendo criado pelos outros grupos, tudo era mais orgânico
Hoje
Pesquisas, testes, ferramentas digitais, até mesmo pesquisa em mineração de dados


Neste ponto surge a dúvida quanto ao florescimento cultural do passado com o atual. No passado nós criávamos ideias de logo e passávamos
pro papel sulfite usando material escolar (sim, adultos mesmo), fazíamos pinturas nas camisetas com tinta para tecido, colocávamos um monte de
marmanjos para costurar e dar vida às ideias de figurino.


Será que estamos acomodados hoje em dia?


Terceiro ponto – Já temos a banda, integrada, várias músicas, bora divulgar?
Ontem
Templos como galeria do rock em SP, lojas específicas e bares temáticos em outras cidades, colocávamos pilhas de flyers feitos à mão e fotocopiados na papelaria do seu zé, tudo custeado pela banda e fazíamos muito barulho pessoalmente, dávamos a cara pra bater nos bares e usávamos isso de pretexto para diversão.
Hoje
Evento na rede social, propaganda no site oficial, agenda no site do bar


Esse ponto é realmente cruel. Hoje em dia existe uma cena virtual fortíssima, mas na hora de frequentar os shows, sempre dá uma dor de barriga ou “dessa vez não deu, mas na próxima eu prometo”.


Será que a internet matou o fã?


Vejo membros de banda brigando por causa desse tema, uma coisa tão simples, ir até o evento. Mas parece que o fã já viu tudo na internet, ele não precisa estar ali pra curtir, tem tudo em sites de vídeo para se criar uma imersão e viver o show diversas vezes.


Claro que antigamente existiam vídeos de shows, comprávamos VHS com nossas bandas favoritas tocando, mas isso não era um substituto do show.


Não estou aqui para julgar a preguiça nem crucificar a internet, longe disso!


Quero mostrar que podemos usar a internet a favor da divulgação e não contra. (Não quero tirar o emprego do povo de mídias digitais e nem darei o segredo do sucesso aqui, se essa era sua intenção, quebrou a cara….)


Vamos cutucar melhor o fã, apontar a preguiça, chamar pros eventos, criar motivo para estar ali. 


Vamos mostrar que a música ao vivo tem outra pegada, é mais quente, tem o contato do artista com o fã.


Vamos deixar claro que não é de “views” que se faz o músico. Até para ter views é necessário ter contato real.


Essas são as dicas de comportamento para lidarmos com o mundo digital:


– Não dê tudo no mundo virtual, deixe um pouco para o fã que foi ao show. Só esse fã viveu isso, o virtual, infelizmente, não;


– Seja mais humano no mundo digital, converse com o fã, não seja tão genérico;


– Traga novidades que realmente sejam novidades, evite fazer contagem regressiva pra mostrar que 3 dos seus fios de cabelo estão desarrumados hoje;


– Divulgue seu trabalho em lugares além do mundo virtual, lembre-se dos bares, das filas de shows, etc;


– Frequente eventos, deixe que as pessoas saibam quem é você;


– Crie, seja a locomotiva de uma nova onda, ouse no figurino, na criação de arranjos, mude;


– Mas, deixe pra mostrar suas técnicas novas primeiro ao vivo, espere o fã filmar e jogar em algum site, faça uma medição do seu público real e virtual e assim, você pode até ter um novo patamar de contato dentro e fora da internet com aqueles que te admiram como músico.


São dicas bobas, mas podemos levar à sério SIM


Antes de sair bombardeando as pessoas, tenha em mente que, não faz tanto tempo assim, as coisas eram bem diferentes. 


Não abordei temas como venda de material e uso de imagem pois tais temas podem ser abordados de forma acadêmica e não informal.


Espero que a ideia de visitar o passado para tentar modificar um pouco o presente seja interessante para fazer a cabeça funcionar. Temos tudo nas mãos, vamos usar de forma consciente e amigável.


Até a próxima!