A cena do metal chileno está em evidência. Foi referência da América Latina em um artigo sobre o Heavy Metal no Wall Street Journal, dos Estados Unidos; é uma rota obrigatória de bandas estadunidenses e europeias do alto escalão da música pesada e tem o suporte de modernas casas de shows e um público tão fanático quanto o brasileiro, que num país com economia forte,  lota os espetáculos com facilidade. Além disso, possui uma qualitativa prole de bandas, de heavy tradicional ao post-rock, do thrash ao progressivo, do black metal à formações que optam por gêneros modernos. Neste contexto, o Egregoremergiu ano passado com o lançamento do debut “Karma”, que recebeu avalanches de boas críticas, tocou na TV, participou como revelação de alguns festivais e apareceu em listas dos Melhores do Ano.
Formada em Arica, ao Norte do Chile no ano de 2012 pela carismática vocalista Magdalena Opazo, dona de uma voz potente, numa linha melódica dura e de grande alcance, a banda está firme no objetivo de promover o que chamam de “música consciente” e pulverizar o nome Egregor por todas as Américas a partir de um prog metal que dialoga com extrema precisão e fluidez com o stoner, doom e groove, mas de uma forma tão homogênea que eles preferem – e com coerência – usar o termo metal eclético. O uso de instrumentos percussivos e andinos torna as músicas ainda mais elegantes e climáticas.
A vocalista Magdalena explica que o termo eclético, no contexto do Egregor, é amplo. “Não apenas musical, mas a respeito de uma expressão em que nos permite mesclar diferentes ritmos, instrumentos, tendências. Nossa proposta é correlata a um pensamento, uma visão conciliadora de diferentes crenças e gostos, muito presente em nossas letras sobre ideologias, sobre reencontros com nossas origens”.
Apontado por Magdalena como o primeiro grande passo firme da banda, Karma, lançado ano passado de forma independente em versão digipak, possui 10 faixas cantadas na língua materna, ou seja, o espanhol. Com boa pronuncia e uma gravação refinada a cargo do guitarrista Richard Iturra – e masterização no Nova Studios (Polônia) -, o idioma é elemento primordial à proposta daEgregor. Magdalena explica. “Consideramos importante resgatar nossa essência, por meio de nossa língua, é uma forma própria de nos expressarmos. É realçar e valorizar o que é nosso, para todos nós, latinos”.
Consolidados como banda promissora no Chile, agora o Egregor mira a cena musical brasileira, com muito a oferecer junto ao álbum “Karma”, que contém uma pluralidade pouco explorada por grupos nacionais, além do ingrediente a mais do idioma. “Somos irmãos de sangue, descendemos de povos guerreiros, que lutam pelo reconhecimento e valorização de uma história. Queremos nos aproximar do público brasileiro porque cantamos para todos os povos da América. Desejamos que os brasileiros se sintam parte do que é a Egregor”, desabafa Magdalena.
Temos o péssimo hábito de não dar a devida a tenção para as bandas de países vizinhos, isto é, muito raramente paramos para prestar atenção nas bandas que surgem nos países que nos rodeiam. A Egregor trás uma proposta musical inovadora e atraente, com uma sonoridade distinta mostra o potencial das bandas latinas, e sem dúvida alguma é uma banda que promete.